Em maio de 2020, realizei uma pesquisa junto a galerias e escritórios de arte para identificar os primeiros impactos da pandemia de Covid-19 sobre seus negócios. Os resultados revelaram a previsão de redução no faturamento anual médio de 19% (mediana de 30%), e que a imensa maioria, 96%, dos negócios acreditavam que sobreviveriam à crise. Observou-se, ainda, que a maior parte dos negócios rapidamente adotara novas ferramentas tecnológicas para permanecer em contato com clientes e acessar novos mercados.
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Os dados levantados surpreenderam positivamente. Pesquisa semelhante realizada pelo The Art Newspaper um mês antes, com foco nos EUA e na Europa, mostrara números alarmantes: previsão de queda média de faturamento de 72% no faturamento e de fechamento de 34% dos negócios.
Passados mais de seis meses da realização das pesquisas, verificou-se que não se tratava apenas de otimismo de galeristas e marchants brasileiros. De fato, o mercado de arte no Brasil parece ter sofrido menos se comparado aos mercados europeu, norte-americano e asiático. O estudo The Impact of Covid-19 on the Gallery Sector, realizado pela economista do mercado da arte Clare McAndrews em conjunto com o banco UBS e a Art Basel e publicado em setembro de 2020, indicou que, enquanto as galerias globalmente reportaram queda de vendas no primeiro semestre de 36% em média (com mediana de 43%), na América Latina, principalmente no Brasil, este número foi de 15%.
Para além de números e estatísticas, é interessante notar como os negócios de arte brasileiros se mostraram financeiramente bem estruturados e capazes de reagir com rapidez às mudanças exigidas pelo cenário adverso, adaptando seus modelos de negócio à maior presença digital e construindo parcerias local e internacionalmente. Estas mudanças parecem ter vindo para ficar e tudo indica que são temas que dominarão o mercado de arte nos próximos anos, com potencial de transformar estruturas e hierarquias atuais.